O que é bitcoin?
O Bitcoin é um sistema de dinheiro digital P2P (peer-to-peer). Ou seja, é um meio de pagamentos global que funciona em uma rede completamente descentralizada, sem nenhuma necessidade de banco central ou governo para funcionar.
Conhecida como a primeira criptomoeda funcional, o Bitcoin foi capaz de digitalizar as propriedades do dinheiro em espécie. Assim como as notas de papel moeda, bitcoins são transferidos de pessoa a pessoa sem a necessidade de intermediários. E portanto, vale notar que os envios confirmados são irreversíveis, possibilitando uma grande segurança aos comerciantes.
Como o software funciona em uma rede de ponto a ponto, assim como o Tor ou BitTorrent, o Bitcoin não conhece fronteiras, é global e resistente à censura, já que não possui um ponto único de falha – por isso é considerado descentralizado
Por que ele foi criado?
“A raiz do problema com a moeda convencional é toda a confiança necessária para fazê-la funcionar. O banco central deve ser confiável para não depreciar a moeda, mas a história das moedas fiduciárias está cheia de violações dessa confiança.
Os bancos devem ser confiáveis para reter nosso dinheiro e transferi-lo eletronicamente, mas eles o emprestam em ondas de bolhas de crédito com apenas uma fração na reserva. Temos que confiar neles nossa privacidade, confiar neles para não permitir que ladrões de identidade suguem nossas contas.”
Foi exatamente isso que explicou Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin, em uma publicação de 11 de fevereiro de 2009 em fórum da Fundação P2P.
Com a sua invenção, porém, a necessidade de confiança foi substituída por provas criptográficas, em um sistema completamente aberto e auditável por qualquer pessoa do mundo. Além disso, a segurança de cada carteira também é garantida por criptografia, o que inviabiliza qualquer tentativa de confisco.
Como brasileiros, lembramos bem do Plano Collor, quando o governo confiscou a poupança de milhões de cidadãos. Por isso o Bitcoin é especialmente importante para as pessoas que estão sob regimes mais autoritários. Com a criptomoeda, você pode ser seu próprio banco e guardar seus ativos em uma carteira pessoal com segurança.
Outra característica importante é seu limite máximo de 21 milhões de unidades. Dessa forma, a moeda não pode ser inflacionada com a impressão massiva de dinheiro pelo Banco Central, muitas vezes influenciada por pressão política. Por conta da sua proteção contra a inflação que hoje em dia alguns dos maiores investidores do mundo como Bill Miller, Paul Tudor Jones e Stanley Druckenmiller estão apoiando o Bitcoin.
Como funcionam as transações com Bitcoin?
As movimentações de bitcoin nada mais são do que registros no blockchain indicando que uma quantidade de moedas foi de uma carteira para outra, e depois que o envio é feito os mineradores precisam validar essa transação para que ela seja confirmada. O blockchain é uma espécie de banco de dados aberto e distribuído entre todos os participantes do Bitcoin, que garante a transparência da rede.
Para receber ou enviar moedas, você pode baixar uma carteira gratuita no celular, computador ou comprar um dispositivo físico específico para isso (as chamadas hardware wallets). Na carteira, você deve gerar um endereço clicando em “Receber” e compartilhar esse código (ou mostrá-lo em forma de QR Code) para que alguém possa lhe enviar moedas.
Mandar bitcoins para outra pessoa é tão simples quanto, basta clicar em “Enviar” e colar o código ou escanear o QR Code da carteira para qual você deseja pagar. Mas como comprar bitcoin em primeiro lugar?
Para adquirir suas primeiras moedas, você pode comprar diretamente de algum vendedor confiável ou criando conta em uma corretora de Bitcoin para negociar por ela. E assim como você pode comprar uma barra de ouro ou apenas alguns gramas, pode comprar um bitcoin ou apenas frações dele.
Na verdade, o bitcoin é bem divisível até a oitava casa decimal, chamada de “satoshi” em homenagem ao criador da moeda. Um satoshi equivale a 0,00000001 BTC e um bitcoin é a soma de 100 milhões de satoshis.
Quem criou o Bitcoin?
A ideia do Bitcoin surgiu em 2008 quando o pseudônimo Satoshi Nakamoto compartilhou seu projeto em formato de paper acadêmico, intitulado “Um Sistema de Dinheiro Eletrônico P2P”. Satoshi foi inspirado por diversos esboços de dinheiro digital como o Hashcash, b-money e bitgold para criar o Bitcoin, que acabou se tornando a primeira criptomoeda funcional do mundo.
A identidade de Satoshi Nakamoto é completamente desconhecida, já que ele seguia todas as boas práticas de privacidade na internet. No entanto, não são muitas as pessoas que tinham a expertise necessária para bolar uma invenção como essa, e pesquisadores chegaram em alguns nomes como “principais suspeitos”.
Nick Szabo (criador do Bitgold e de contratos inteligentes), Hal Finney (desenvolvedor da criptografia PGP), Adam Back (criador do Hashcash) e Wei Dai (criador do b-money) são apenas alguns dos nomes. Uma teoria bem aceita também é que vários deles trabalharam em conjunto para criar o Bitcoin.
Satoshi deu início à rede Bitcoin em 3 de janeiro de 2009 minerando o bloco gênesis (o bloco número 0), e nele deixou a seguinte mensagem: “The Times 03/Jan/2009 Chanceler próximo do segundo resgate aos bancos”.
Usando a manchete de um jornal britânico, Nakamoto apresentou para o mundo uma prova de que a rede só teve poder computacional direcionado ao Bitcoin a partir daquela data, sem pré-mineração. Mas muitos acreditam que a mensagem vai além disso, mostrando a insatisfação de Satoshi com o sistema financeiro atual.
Com o Bitcoin, não há necessidade de confiança em bancos nem mesmo para fazer a custódia de seus ativos. O Estado, por sua vez, também não tem como confiscar sua poupança ou diluir seu poder de compra através da inflação. Com regras pré-definidas e apoiadas pelo modelo de consenso descentralizado, o Bitcoin foi revolucionário nesse sentido.
Ele originalmente fundou o bitcoin.org e o conhecido fórum bitcointalk.org, onde era ativo na comunidade. Com o tempo, Satoshi acabou deixando de contribuir com o projeto e deixou sua última publicação no BitcoinTalk em dezembro de 2010.
Nascendo como um software de código aberto, a ideia sempre foi que o Bitcoin não dependeria de Satoshi Nakamoto para continuar crescendo e se desenvolvendo. Atualmente contando com dezenas de desenvolvedores dedicados e centenas de voluntários.
Muitos argumentam que o sumiço de Satoshi foi uma coisa boa para a descentralização do Bitcoin, já que a direção do desenvolvimento do projeto não é escolhido por uma “autoridade central”, mas de forma distribuída pela comunidade.
Como funciona o Bitcoin?
Muitos acreditam que Satoshi era um fã de ouro, pois muitos aspectos do funcionamento do Bitcoin de fato lembram o metal precioso. Uma delas é a emissão de moedas, que chamamos de mineração.
O ouro possui uma quantidade finita e, portanto, quanto mais ouro é minerado, mais difícil é extrair novas unidades. Assim também é com Bitcoin, com o limite de 21 milhões de unidades definido no código e uma emissão decrescente e previsível, chegando ao fim somente por volta de maio de 2140.
Ninguém é especificamente responsável pela mineração, na verdade todos podem participar, basta baixar o blockchain completo e começar a dedicar poder computacional à rede. Porém, vale ressaltar que a mineração de bitcoin já se tornou uma atividade muito competitiva ao redor do mundo, e só vale a pena financeiramente em países onde a energia tem um custo baixo.
O que os mineradores fazem é validar e confirmar as transações organizando-as em um bloco de cada vez, atualmente cada um com pouco mais de 1 megabyte. A rede é programável para ajustar a dificuldade de mineração para que cada bloco seja encontrado de 10 em 10 minutos, aproximadamente, não importando a quantidade de poder computacional empregado ao Bitcoin.
Para que o Bitcoin serve?
Embora tenha sido pensado para ser um meio de pagamento rápido e barato para as transações online, o Bitcoin pode se tornar caro e lento se a rede enfrentar um congestionamento pela alta demanda de transações.
Mas por sua robustez e segurança, ele acabou se tornando muito mais popular como uma reserva de valor. Ele é comumente citado como o “ouro digital” por notórios investidores e gestores como Michael Novogratz, já que as pessoas não costumam usá-lo para pagamentos, mas como investimento de longo prazo.
É assim também que CEO da MicroStrategy Michael Saylor vê o Bitcoin, que segundo ele protege o capital de perder poder de compra ao longo dos anos com a inflação monetária. Sua empresa acabou comprando mais de US$ 1,1 bilhão em BTC para manter em balanço.
A Tesla, liderada por Elon Musk, acabou seguindo seus passos comprando US$ 1,5 bilhão em bitcoin em janeiro de 2021, alegadamente para tentar maximizar a rentabilidade do dinheiro que não é usado em operações diárias.
Essa adoção institucional que começou a ganhar força em 2020 e foi impulsionada no começo de 2021 reforça a narrativa de que o Bitcoin tem grande potencial para ser uma excelente reserva de valor semelhante ao ouro.